Não é só mais uma história sobre estagiários

Hoje minha estimada estagiária me disse:
 - Por que você não escreve?
- Escrever? sobre o que, Gabi?
- Qualquer coisa, faz texto pro seu blog.
- Tipo crônicas?
- É, ah não sei, você escreve tão bem.

E esta é mais uma história sobre uma estagiária que puxa saco da chefe. Quem nunca teve uma ou foi uma?

Eu tive uma estagiária que era perfeita. Depois de murros em ponta de faca, ela chegou pra entrevista 1h atrasada com a cara inchada de cachaça (na época eu não sabia que era cachaça) e um piercing na língua dizendo que o ônibus havia estragado. Naquela hora eu só pensava:

 - Será que essa menina acha que eu nunca dei essa desculpa?

Por um momento de misericórdia e graças à conselheira que estava lá para entrevistá-la comigo, resolvi conversar com a menina atrasada com piercing na língua e com 1.40 de altura. Graças a Deus. A empatia com ela foi tão grande que a relação não era de chefe e estagiária, logo nos tornamos amigas e companheiras de muitas tardes de karaokê, quando a gente fechava a porta da sala e cantava Jorge e Matheus sem o menor pudor.

Como tudo que é bom dura o tempo suficiente pra se tornar inesquecível, Lili ou Olívia, foi se envolver em meios ilícitos trabalhando com política, mas me deixou uma indicação que se tornaria a menina dos olhos.

Chegou o dia de entrevistar a indicação da estagiária perfeita, aquelas entrevistas que são meras formalidades, você já sabe que vai contratar a pessoa. Gabi chegou, loira, enormemente maior que eu, com infinita idade menor que eu. Pensei:

 - Olivia, ordinária, tá de sacanagem. Como que ela me manda essa muié desse tamanho?

Contratei a menina alta, loira e viciada em sapatos e hoje ela, além de cantar junto comigo a mesma música até a gente aprender, se transforma a cada dia em uma profissional de comunicação com boas ideias e muita disposição.

Gabi, você queria um texto, te fiz um! (com exclamação pra você ficar feliz)